Focando nos “alavancadores” e atravancadores
Um profissional tem que se servir do melhor que possui para atingir o sucesso que lhe é possível. Cada um tem características que ajudam a alavancar sua carreira, assim como outras que a atravancam. Tal como uma boa semente plantada em solo fértil, crescendo em um clima que lhe é favorável, as características que alavancam são aquelas que nasceram propensas a serem bem desenvolvidas e foram bem estimuladas. As características que atravancam geralmente são emocionais. A tensão que turva a mente, o medo que inibe a ação ou a raiva que a precipita, são bons exemplos disso. Usando a mesma analogia, algumas plantas crescem menos devido ao excesso ou falta de chuva.
Raros são aqueles que têm muitas capacidades desenvolvidas, como foi, por exemplo, Leonardo da Vinci. Devemos focar os esforços de desenvolvimento naquilo que há de melhor em nós. Seria desperdício treinar um grande artilheiro pra ser goleiro. Contudo, ele se servirá cada vez mais de suas características à medida que buscar conhecimentos sobre como melhor se alimentar e se desenvolver fisicamente, fazer exercícios, treinar chute a gol e se empenhar para se superar ao jogar. Neste sentido, conhecimentos específicos, esforço dirigido e disciplina são fundamentais para desenvolver aquilo que é propenso a ser o melhor em nós. Isso não tira a importância de se desenvolver capacidades periféricas, mas, a meu ver, não deve ser esse o foco.
Para minimizar o efeito do que atravanca nosso desempenho, precisamos entender como funciona o emocional. Há sempre um exagero quando as emoções interferem no julgamento, principalmente quando elas são influenciadas por experiências negativas. Transformam a elaboração em preocupação. A mente sofre pensando no que pode ocorrer se não der certo e se ocupa menos em processar soluções. Além do maior desgaste de energia, as tensões atrapalham fisiologicamente o processamento cerebral, podendo formar um círculo vicioso. Os receios de não conseguir podem tirar tanto o foco na solução que acaba não conseguindo mesmo. Assim as expectativas negativas se confirmam e geram nova tensão diante da próxima situação de ameaça. Para quebrar esse círculo, precisamos mostrar para nós mesmos que há algo de exagerado, um engano de julgamento. “Treinar” para obter resultados diante de desafios menores e ir gradativamente ampliando o grau de dificuldade, pode ser uma forma de modificar nossas expectativas diante de ameaças.
Se os receios inibem a ação, a raiva pode gerar precipitação. A raiva é a pólvora que explode quando se aproxima do fogo. Não há o que se possa fazer após a combustão, então é necessário entender que ações acionam a raiva, para que se possa ir se preparando, ao se aproximar delas.
Quando não se consegue evitar a explosão, pode-se pensar o que poderia ser feito de diferente, caso voltasse no tempo e se deparasse com a mesma situação. Esse exercício permite que se armazene na mente, alternativas de ação que poderão ser utilizadas ao se deparar com situações semelhantes.
Expus aqui alguns conceitos e exercícios que fizeram sentido tanto para o meu próprio desenvolvimento como para o de profissionais que tive a oportunidade de atender em processos de coaching.
Falar sobre desenvolvimento é mais fácil do que praticá-lo e aí está a importância do foco, esforço e disciplina. Lidar com nossas dificuldades não é prazeroso, daí o desprendimento necessário para se encarar aquilo que não se é bom. Contudo, devemos manter em mente os resultados que essas ações geram para seguirmos sempre em frente.
Nicolau Kfouri